quarta-feira, 7 de julho de 2010

Porra, tô feliz pakaralho com o futuro da humanidade

Passeando pelas ruas do Rio, às vezes me sinto navegando por um mar de palavrões. Em todo esquina que passo, em toda rua que ando, é uma profussão de porra e caralho que deixaria envergonhado os mais puritanos. Já percebi, nesses quatro meses, que o carioca fala palavrão com a mesma recorrência que deputado fala vossa excelência durante sessão na câmara dos deputados ou professor universitário usa vossa magnificência para se referir a reitor.

Percebo, que por aqui, ninguém é amigo, aqui o cara só é amigo quando é amigo pakaralho. Aqui a festa nunca foi simplesmente boa, aqui ela só é boa quando é boa pakaralho. Aqui você só está feliz, quando tá felizpaporra. A aula só é considerada boa, quando você sai e diz: porra, que aula boa. Isso quando três ou quatro palavrões não resolvem fazer parte da mesma frase, algo que também é comum, e ai você deixa de ser um simples amigo e vira um filha da puta amigo pakaralho.

Aqui no Rio, tenho a sensação que você pode fugir de uma bala perdida (confesso que nunca vi, e acho, por enquanto, que isso é criação de roteirista da Globo. Também não quero encontrá-las na próxima esquina), escapar de um assalto (esses já tive o desprazer de presenciar e continuo preferindo assistir a jogos da Copa do Mundo), procurar um atalho e fugir dos principais pontos de congestionamento da cidade, mas de ouvir palavrão pelo menos 100 vezes por dia, disso você não escapa.

Talvez seja pela quantidade de palavrões que o carioca expele diariamente, que ele seja tão feliz. Apesar do trânsito caótico, das cenas de violência e da vida agitada que o torna cego diante das belezas da cidade, o que ele quer mesmo é ver o expediente acabar. A partir desse momento, ele deseja apenas dividir uma cerveja na calçada de algum boteco e passar horas falando sobre a história de algum time de futebol com algum filha da puta amigo parakalho. Quem sabe, ainda, contar detalhes de um samba de raíz pra um filha da puta amigo pakaralho, que não entende porra nenhuma de samba.

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