quinta-feira, 1 de julho de 2010

A expansão dos cabelos brancos e a falta de dedos

Nos últimos tempos, tenho me dedicado com afinco a tarefa helênica de decifrar os enigmas que cotidianamente são apresentados pelos meus cabelos brancos. Durante uma longa fase da minha vida, os contei apenas nos dedos de uma mão. Com o passar dos anos só era possível realizar essa tarefa, que atesta a passagem do tempo, juntando os dedos das duas mãos.

Lembro, ainda, que durante muitos anos, dissimuladamente fingi ser possível contar com os dedos das mãos aquilo que só era possível contar se fossem utilizados os dedos das mãos e dos pés. Mas hoje já não sei mais como contar. Eles estão ai e a cada dia em maior número.

Sinto que eles querem dizer alguma coisa, passar alguma mensagem, mas ainda não fui suficiente inteligente para captar. Talvez eles estejam querendo mostrar tudo o que vivi durante esses 35 anos. Talvez tenha vivido demais, viajado demais, bebido demais, estudado demais, feito tudo em demasia. Mas custo a acreditar nessa hipótese. Nunca fui dos superlativos.

No índice de catalogação da espécie humana, sempre fui classificado como comedido e parcimonioso. Nunca acreditei em quem faz tudo em demasia. Alegria demais é uma coisa que abomino. Pra mim, quem é alegre demais o tempo todo está sentindo aquilo que Roberto Carlos define como "alegria triste".

Anacarolinamente falando, acho que eles estão querendo me mostrar que talvez eu devesse deixar de olhar o rio por onde a vida passa e tentar fazer a travessia, mesmo sem saber o que vou encontrar na outra margem.

Um comentário:

  1. É a vida...
    Por enquanto estou na fase de achar e arrancar, mas sei que eles se multiplicarão e significarão muito mais!
    Bjkas
    Giovana
    http://criatividadeinsana.blogspot.com/

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