sexta-feira, 25 de junho de 2010

Do tempo que eu era criança l




Acho que é quase impossível passar pela vida sem levar na memória lembranças de um professor que marca a nossa história. Em geral, são os professores das séries iniciais os que mais nos marcam. Não sei que caminho teria trilhado se o meu caminho não tivesse cruzado com o da professora Maria do Carmo na segunda série. Estudei na Escola Roberto Simonsen, que fazia parte do sistema S. Escola rígida, que respeitava as datas cívicas e possuía uma excelente qualidade de ensino. Passei quatros anos de muito aprendizado e ricas experiências nessa escola que nunca esqueci.

Assim como hoje, gostava muito de dormir, e o meu desempenho não foi tão brilhante. Mas a seriedade e a brabeza da professora Maria do Carmo me marcaram profundamente. Lembro que quando a víamos de longe, com aqueles sapatos que, para nós, faziam um barulho aterrorizante, todos ficávamos comportados, verdadeiros anjos na terra. O tom de voz alto da professora era capaz de calar até nossos pensamentos. Mas ela também era carinhosa, preocupada com o nosso desempenho. Sempre conversava conosco na busca de saber o que estava acontecendo, e gostava ainda do temido encontro com os nossos pais. Esse encontro sempre acontecia quando algo não ia muito bem. A professora não era o que podemos classificar como uma pessoa doce, mas era muito humana.

Reencontrei com a professora Maria do Carmo na quarta série e nessa época me tornei uma espécie de braço direito. Como tirava notas muito boas e estava sempre a par dos assuntos que seriam discutidos, ela sempre me convocava para falar primeiro, sempre que precisava de algo recorria a mim, eu me orgulhava muito, mas uma parte da turma não olhava isso com bons olhos. Lembro que nessa época, como passei a estudar a tarde, meu desempenho era muito melhor que na segunda série do período matutino. Ao final do ano, a professora reconheceu o meu empenho e ainda me presenteou com o prêmio de melhor aluno que a escola oferecia todos os anos. Muito do meu avanço se deu pela forma seria como a professora Maria do Carmo conduzia o seu trabalho e do exemplo que ela era para seus alunos, dentro de sua brabeza afetuosa.

* Texto apresentado à professora doutora Iduina Moltalverne, da disciplina Memória e Narrativa, do curso de Doutorado em Educação da Universidade Federal Fluminense

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