domingo, 27 de junho de 2010

Da vida que eu queria ter

Eu queria ter nascido mais bem diagramado, mas não deu. Acho que tenho um nariz que não passaria em nenhuma inspeção de controle de qualidade e um pé digno dos melhores estivadores. Queria ter nascido também com uma voz mais bonita, daquela que fica bem até quando você fala uma palavra horrorosa como Jabulani.

Queria, ainda, ter um índice de gordura corporal igual a de corredores de 100 metros rasos na luta por medalha de ouro na final das olimpíadas, mas também não deu. A combinação de doses cavalares de cerveja e petiscos em escala industrial me impede de ter um corpo de modelo que sai na capa da revista Mens Health.

E também não deu pra muita coisa. Também não nasci poeta, cantor, ator, bem como não aprendi a tocar um instrumento, dirigir e nem andar de bicicleta. Nasci um cara simples e descoordenado. Daquele que usa óculos, jeans e camisa pólo pra não dá muito trabalho na hora de escolher a roupa. Assim como mantenho o mesmo corte de cabelo há quase duas décadas.

E ai, é onde acho que está a grande graça. Nessa sociedade onde todo mundo quer ser estrela, quer ser BBB, quer quinze minutos de fama, faltam pessoas simples, que andem por ai prestando atenção em cores que não sabem o nome ou que não estejam em busca daquilo que foge das mãos e às vezes não conseguimos alcançar, assim como as palavras nos fogem quando escrevemos um texto. Faltam pessoas que sejam especiais dentro do seu silêncio que fala ou dentro de sua timidez exuberante.

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