quarta-feira, 4 de agosto de 2010

Escolhendo sem saber escolher. Mudando sem saber mudar

Eu sou o tipo de pessoa que não gosta de a todo tempo está fazendo escolhas. Acho que nunca faço as corretas e, quando faço, ainda me resta dúvida. Vida boa é a de criança, que só aponta com o dedo o que quer e tem a decisão como tomada. Sem esse negócio de contar até dez, de pensar nas consequências, nem fazer balanço de perdas e ganhos.

Talvez seja pela dificuldade em escolher, que tenho tanta dificuldade para fazer malas. Não sei escolher entre o passado que vira futuro e aquele passado que, foi presente e pra sempre será passado. O conceito de passado elástico não me entra pela cabeça. E como escolher as lembrança que irão ocupar aquela imensa gaveta das memórias? Aquela que fica escondida, em silêncio, sem causar nenhuma tensão, mas que de repente surge ou ressurge mostrando o seu poder para nos tirar do caminho que tentamos seguir sem sobressaltos. Nossa sorte é que a bagagem das lembranças não paga excesso de peso.

Como escolher do vivido aquilo que ficará para trás? Como apagar aquilo que está na pele como tatuagem? Como tirar poeira daquilo que fica melhor escondido entre as inúmeras apostilas do tempo de faculdade? Viver, infelizmente, não é como escrever um texto. Os professores de redação nos ensinam a escolher as palavras menores, a tirar os adjetivos, a escrever parágrafos curtos. Mas o movimento de escolha que a vida nos impõe não permite regras tão objetivas

Neurath nos diz que mudar a teoria, em uma pesquisa, é como reconstruir um barco, tábua a tábua, em alto mar. Talvez fazer mudança seja isso: juntar lembranças, uma a uma, vivendo.

Um comentário:

  1. Querido, quisera eu ter disponível a tecnologia do bom e velho papel carbono para fazer uma matriz com todos os bons momentos que partilhamos. Assim poderíamos reproduzir a "nossa janela" nos mais diversos horizontes e reinventar nossos mundos desde estes lampejos de cumplicidade e nem pagaríamos excesso por isso!

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